quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Incaper é finalista do Prêmio Finep de Inovação 2009 23/11/2009

Fotos: Durnedes Maestri/ Incaper
Tintas obtidas pela técnica do Cores da Terra.

O Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), órgão vinculado à Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag) está na final do Prêmio Finep de Inovação 2009. Os vencedores da Região Sudeste serão conhecidos nesta terça-feira (24), durante cerimônia que acontecerá no Rio de Janeiro (RJ), no Espaço Tom Jobim, no Jardim Botânico.

Esta é a segunda vez que o Incaper fica entre os finalistas do Prêmio Finep. Em 2007, alcançou o primeiro lugar como Instituição de Ciência e Tecnologia da Região Sudeste. Na ocasião, o órgão disputou com instituições de Ciência e Tecnologia paulistas, fluminenses, mineiras e capixabas, por meio de experiências inovadoras.

Este ano, o Instituto está entre os finalistas na categoria de Tecnologia Social, com o Projeto Cores da Terra – técnica de produção artesanal de tinta, a partir de terras variadas, água e cola – e disputa com a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (RJ) e a Associação Ebenézer (SP).

Há concorrentes de todas as regiões do País, e que concorrem nas ategorias: Micro/Pequena Empresa; Média Empresa; Grande Empresa; Tecnologia Social; Instituição de Ciência e Tecnologia; e Inventor Inovador.
Os vencedores da fase regional concorrem, em cada categoria, à premiação nacional, realizada no final do ano, em Brasília. Além do troféu, os vencedores poderão receber financiamentos da Finep para a implementação de projetos de inovação, que variam de R$ 500 mil a R$ 1 milhão.

Concedido pelo Ministério de Ciência e tecnologia (MCT), por meio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o Prêmio foi criado para reconhecer esforços inovadores realizados por empresas, instituições de ciência e tecnologia e organizações sociais brasileiras, desenvolvidos no Brasil e aplicados no País e no exterior.

Neste universo, participam as mais renomadas instituições de ciência e tecnologia, como universidades federais, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), institutos de pesquisas estaduais, dentre outras.

“É uma vitória para nós do Incaper estarmos entre os três finalistas. O Incaper se destaca porque, além de desenvolver tecnologias, reúne esforços para levá-las com eficiência ao produtor rural familiar. É a tecnologia em prol do desenvolvimento social, econômico e ambiental”, destaca o diretor-presidente do Incaper, Evair Vieira de Melo.

Para o chefe da área de pesquisa do Incaper, José Aires Ventura, “este prêmio é uma ação que estimula a todos que fazem inovação no País. As empresas e instituições inovadoras são aquelas que introduziram novidades ou aperfeiçoamentos no ambiente produtivo ou social, que resultaram em novos produtos, processos ou serviços”.

O Projeto Cores da Terra

Desenvolvido no Espírito Santo desde 2007, o “Cores da Terra” é uma técnica de obtenção de tintas, a partir de diferentes tipos de terra que, misturada a ingredientes como água, cola e pigmentos de plantas, resulta em tintas de cores e tons variados.

A tecnologia apresenta baixo custo e impacto ambiental e contribui com a sustentabilidade da propriedade rural na atividade do agroturismo. Além de embelezar a paisagem rural, com a pitura de paredes, ainda favorece a melhoria da aparência das habitações rurais, instalações comunitárias e empreendimentos turísticos. Proporciona também uma alternativa de renda, a partir do acabamento de peças decorativas e utilitárias para serem comercializadas (como telas, vasos de flores, objetos decorativos, telhas) e outras atividades que compõem o ambiente.


A técnica é executada nos princípios da Bioarquitetura e Agroecologia. Inicialmente desenvolvida no Departamento de Solos da Universidade Federal de Viçosa (MG), foi introduzida no Espírito Santo pela coordenadora do Programa de Agroturismo do Incaper, Maria das Dores Perim, e pela coordenadora do Programa de Atividades Não-Agrícolas, Durnedes Maestri, que criaram o Projeto.

Atualmente, mais de quatro mil pessoas de diversos estados brasileiros já receberam treinamento, entre agricultores, artesãos, professores e estudantes, sendo que o público feminino responde por mais de 70% dos participantes.
Segundo Durnedes Maestri, a técnica representa uma economia superior a 50% em relação aos processos tradicionais. “Este valor é variável em função do preço da cola branca praticado no mercado. O mais interessante é que a técnica ainda se transforma em uma oportunidade de trabalho e renda extra às famílias”.

Já Dores Perim explica que, em relação aos aspectos ambientais, a técnica causa baixo impacto, uma vez que utiliza produtos naturais como terra misturada com água, cola branca – que pode ser substituída pelo grude (polvilho azedo, água e calor) – e também a cal e o óleo de linhaça. “As cores não se encontram no solo, são extraídos de sementes, raízes, cascas, folhas, flores, frutos e pigmentos naturais. Por isso, as tonalidades estão em plena harmonia com a natureza, não causam o impacto visual que pode ocorrer com alguns tons das tintas convencionais. E a retirada da terra para fabricação da tinta é sempre orientada de forma correta, para que não cause degradação do solo”.

A artesã Adelk Rangel de Moraes, do município de Santa Teresa, disse que, após participar do curso “Cores da Terra”, substituiu totalmente a tinta comercial pelas produzidas com a terra. “Esse é o diferencial das minhas peças. Chama a atenção das pessoas, que procuram um produto sustentável. As vendas aumentaram 100% depois que adotei esse estilo de produção. Os clientes ficam encantados quando explico a origem da tinta. Outra vantagem é não ter o cheiro forte das tintas convencionais e ser mais econômica”.


Confira a forma artesanal da técnica

- Coleta da terra e preparar (peneirar);
- Mistura da terra, água e cola branca (ou grude), utilizando uma pá de madeira ou furadeira elétrica, até dar consistência de creme;
- São adicionados cal – para facilitar a transpiração da parede a ser pintada – e o óleo de linhaça, que aumenta a durabilidade e impermeabilidade das paredes.


Saiba o porquê das Cores da Terra:

De acordo com o pesquisador de solos do Incaper, José Sérgio Salgado, o que fornece cor ao solo são, principalmente, óxidos de ferro e matéria orgânica. “As cores marrom, vermelha e amarela resultam da presença de óxidos de ferro. Já as cores mais escuras são provenientes de solos com maior teor de matéria orgânica. Os solos claros têm o predomínio de quartzo e baixo teor de ferro. E os solos esbranquecidos das baixadas, mostram que os teores de ferro são muito baixo ou inexistentes no local.

Os principais óxidos de ferro que conferem cores ao solo são Hematita (cor vermelha) e Goetita (cor amarela). “A proporção encontrada destes óxidos nos solos produzem as variações desde roxo, vermelho escuro e amarelo”, explica José Sérgio.

O prêmio

Criado em 1998, o Prêmio Finep está na 12º edição e a categoria Tecnologia Social existe desde 2005. Os vencedores em nível nacional dos anos anteriores foram: Instituto Palmas de Desenvolvimento e Socioeconomia Solidária (CE); Cooperativa dos Floricultores do Estado da Paraíba (PB); Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa Milho e Sorgo (MG); Laboratório de Moluscos Marinhos (UESC).


Informações à Imprensa:
Assessoria de Comunicação - Incaper
Lorena Fraga
lorenafraga@incaper.es.gov.br
Texto: Lorena Fraga
Tels.: (27) 3137-9868 / 9866 / 9888 / 9850-2210

Fonte: http://www.incaper.es.gov.br

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